Foto: Euzivaldo Queiroz/A Crítica Reprodução

De acordo com dados da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) de 836 mortes de indígenas no Brasil, 182 são do Amazonas, o que representa 21,7% de mortes no país. O total de casos confirmados de covid-19 entre indígenas chega a 34.608, de acordo com levantamento feito pela frente formada exclusivamente para acompanhar o avanço da doença.

A pesquisa informa que foram identificadas transmissões e óbitos em 158 dos 305 povos indígenas que vivem no país. Ou seja, as contaminações já atingiram a maioria (51%). Para realizar o monitoramento, o grupo conta com a colaboração de organizações de base, mas também de entes públicos, como o Ministério Público Federal (MPF).

Para quem vive em aldeias como a Líder indígena, Alice Paulino (39), a contaminação não pode ser contida por falta de informação, “Desde o pico da pandemia, até agora, não recebemos nenhuma indicação das autoridades pra saber o que temos que fazer, além de ninguém ser testado. Como vamos saber se estamos doente?”. A indígena diz que muitos casos acontecem depois de contatos da tribo com pessoas de fora. “Temos que sair da tribo para comprar insumos, e com a falta de informação o índio se contamina” disse ela.

Lideranças indígenas do Tarumã-açu, em Manaus, apontam que os indígenas que ficam em torno da capital estiveram em contato com a doença. Nas tribos Karapãna, Satere, Dessana e Tarianos foram registradas pelo menos 1 morte confirmada por conta do novo coronavírus em cada aldeia.

Os números divulgados pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), que responde ao Ministério da Saúde, são bem menores comparados com da APIB, 28.716 os casos confirmados e 446 óbitos entre indígenas. A diferença se explica porque a pasta não faz o registro de contágios de indígenas que vivem em contexto urbano, critério questionado pelas lideranças indígenas e que motivou a contagem independente.

No Brasil o primeiro caso confirmado de contaminação por Covid-19 entre indígenas foi de uma jovem de 20 anos do povo Kokama, no dia 25 de março, no município de Santo Antônio do Içá. O contágio foi feito por um médico vindo de São Paulo a serviço da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), que estava infectado com o vírus. Hoje os Kokama são os mais afetados em casos de mortes.

O primeiro caso confirmado de contaminação por Covid-19 entre indígenas brasileiros foi de uma jovem de 20 anos do povo Kokama, no dia 25 de março, no município amazonense Santo Antônio do Içá.

O contágio foi feito por um médico vindo de São Paulo a serviço da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), que estava infectado com o vírus. Hoje os Kokama são os mais afetados em casos de mortes.

Manaus e a segunda onda

Pesquisadores afirmam que Manaus vive uma segunda onda de coronavírus. A capital do Amazonas concentra praticamente todos os leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI), vital para o tratamento da covid-19. Apesar de o governo estadual negar que a capital esteja sob uma segunda onda, o número de enterros por doenças respiratórias volta a subir, de acordo com dados da prefeitura de Manaus.