Ir além das imagens de satélite e números de desmatamento, grilagem e incêndios, evidenciando os reais impactos no dia a dia de quem vive no chão da floresta e dos sertões, é motivação da articulação nacional Agro é Fogo.
O grupo, formado por cerca de 30 movimentos, organizações e pastorais sociais que atuam há décadas na defesa da Amazônia, Cerrado e Pantanal e seus povos e comunidades divulga nesta quarta-feira (14), às 18h (horário de Brasília), um dossiê no site https://agroefogo.org.br/.
Serão apresentados artigos e análises de casos de conflitos territoriais e as múltiplas dimensões da devastação ambiental que cresce vorazmente com incentivo político.
O dossiê – bem como todo e qualquer assunto a ser divulgado na plataforma criada para se tornar uma vitrine de alerta internacional – segue o rastro do uso criminoso do fogo pela cadeia do agronegócio, evidenciando a relação intrínseca entre a questão ambiental, agrária e fundiária no Brasil.
As análises apresentadas no dossiê desta quarta-feira (14) abordam as seguintes temáticas:
- A boiada está passando: desmatar para grilar;
- O agronegócio e o Estado brasileiro: quem lucra quando a boiada passa?;
- Presidência e parlamento a serviço dos grileiros: legislar para grilar;
- Ligações perigosas: fundos de pensão internacionais, incêndios e grilagens no Matopiba;
- Trabalho escravo, expropriação e degradação ambiental: uma conexão visceral; Saberes que vêm de longe: Usos tradicionais do fogo no Cerrado e Amazônia.
Conflitos
A plataforma apresentará também seis casos de conflitos territoriais:
- A luta da comunidade quilombola Barra da Aroeira na defesa de seu território;
- Fogo ameaça povo indígena isolado na Ilha do Bananal;
- Gleba Tauá: luta pela terra no Cerrado tocantinense;
- Território Guató em chamas: “As árvores não têm pra onde correr!”;
- Território Kadiwéu e as queimadas; Tragédia anunciada na BR-319.
Alerta para 2021
À medida que a estação seca se aproxima, pode-se enfrentar uma nova temporada de incêndios devastadores. E diante de um governo que apoia os grileiros, ao mesmo tempo em que desmonta os órgãos ambientais no Brasil, é fundamental a mobilização social em defesa dos direitos de povos e comunidades que enfrentam conflitos territoriais no rastro do fogo.
Defender a reforma agrária e os direitos territoriais dos povos e comunidades da Amazônia, Cerrado e Pantanal não é somente um imperativo ético, mas também ecológico. Se ainda há Pantanal, Cerrado e Amazônia em pé é porque esses povos estão com os pés em seus territórios, defendendo as matas, as águas, os bichos e a biodiversidade.
O movimento colaborativo surgiu como reação aos incêndios florestais que assolaram o Brasil nos últimos dois anos. “Do infame Dia do Fogo em 2019 aos incêndios que devastaram o Pantanal em 2020, assistimos atônitos a um governo federal que mente sobre as causas e sobre a sua própria responsabilidade no ocorrido”, declaram em texto de divulgação do projeto.
Disponibilização do Dossiê digital Agro é Fogo na plataforma www.agroefogo.org.br
Nesta quarta-feira (14), às 18 horas (hora de Brasília)