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Indígenas temem que a visita do ministro da defesa, general Fernando Azevedo e Silva, até à terra indígena Yanomami, no início desta semana, tenha consequências graves para as aldeias vulneráveis à covid-19 (xawara).

No vídeo publicado pela Rede Pró Yanomami e Ye’kwana, Roberto Yanomami critica a ida da comitiva. “Se juntaram com o Exército e a Funai, fizeram aglomerações com pessoas estranhas que vieram de fora. Qual o motivo disso”, questiona.

Durante a visita, a comitiva formada por mais de 100 militares distribuiu 66 mil comprimidos de cloroquina, remédio que não tem comprovação científica contra o coronavírus, para serem usados por indígenas Yanomami.

É o primeiro povo indígena a receber a droga que deixou de ser permitida no tratamento de covid-19 dos EUA e de países na Europa, devido ao alto índice de morte após uso do medicamento.

O Ministério Público Federal abriu procedimento para apurar as diversas denúncias sobre a atuação interministerial da Funai, Sesai e Ministério da Defesa no combate à pandemia de covid-19 nas terras indígenas de Roraima com o objetivo de apurar a distribuição de cloroquina às comunidades indígenas, o ingresso nos territórios sem prévia consulta de seus povos – em desrespeito à decisão de isolamento de muitas de suas comunidades -, a violação das regras de distanciamento social, a presença expressiva de meios de comunicação em contato com os indígenas e a eficiência de operação com vultoso gasto de recursos públicos.

Análises de um estudo produzido pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pelo Instituto Socioambiental (ISA), classificam o povo Yanomami como “o povo mais vulnerável à pandemia de toda a Amazônia brasileira”.

*Com informações da Rede Pró Yanomami