Foto: Reprodução/Montagem
Por Ninja Ambiental, com informações de Luciana Oliveira
O ofício do Comandante Geral da Polícia Militar de Rondônia, coronel Alexandre Luís de Freitas Almeida, no qual afirma que policiais militares deixam de apoiar ações de combate ao desmatamento no estado, foi destinado à Superintendência do Ibama, ao chefe da Base Avançada do ICMbio em Porto Velho, à Procuradoria da República e à Superintendência Regional da Polícia Federal. O ofício foi divulgado pela jornalista Luciana Oliveira, em seu blog.
“Está suspenso temporariamente o apoio policial militar às ações e operações do IBAMA e ICMBio”, escreveu taxativamente o comandante no ofício.
Decisão ocorre no pior momento para a Amazônia. Rondônia é um dos quatro que concentraram 84,5% da floresta derrubada entre agosto de 2018 e julho de 2019. Neste período 10.129 km² foram desmatados, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O comandante da PM local, que foi nomeado pelo governador bolsonarista, Marcos Rocha (PSL), alega que relatórios de inteligência teriam demonstrado risco às guarnições policiais que são instruídas, por conta da instrução normativa do Ibama que determina a queima de equipamentos utilizados para destruir a floresta, a deixar os equipamentos inutilizáveis ao fim das operações.
A revolta dos desmatadores ao ver os equipamentos inutilizáveis após a operação seria o principal motivo para a PM descumprir a determinação da instrução federal. O cumprimento da instrução “pode denegrir a imagem do governo do estado”, aponta o comandante.
Medida favorece ações ilegais de desmatamento, além de incentivar, ainda que indiretamente, a permanência de desmatadores atuando em áreas protegidas.
O aumento em 30% das queimadas, em relação ao último ano, levou as Forças Armadas a realizar a operação ‘Verde Oliva’, no inicio de junho. A operação promete interromper o ciclo de desmatamento e foco de incêndios em pontos específicos da Amazônia, principalmente em Rondônia.
Em maio desmatadores e invasores de terra armaram uma emboscada contra policiais que faziam uma operação no Parque Estadual Guajará-Mirim no distrito de Jacinópolis, em Nova Mamoré (RO). Sem a ação da polícia junto à equipe de fiscalização a ação poderia ter tido consequências mais graves. Na ocasião mais de 50 pessoas encapuzadas cercaram as viaturas.
Amazonas caiu pela metade
Com o afrouxamento na fiscalização no Amazonas, por exemplo, estado vizinho mais ao Norte de Rondônia, as multas aplicadas aos desmatadores como resultado de operações da polícia caíram pela metade em 2019, se comparado ao ano de 2018, apesar de recorde de desmatamento ao Sul do Estado (Região de fronteira com Rondônia).