Foto: Cobertura Ninja Ambiental


Por Ninja Ambiental

“Eu sou filho da Amazônia, meu pai é Amazônia, minha mãe é Amazônia, povo Yanomami é Amazônia”, diz Dário Yanomami, liderança do povo que reúne mais de 26 mil indígenas no Alto Rio Negro. A Terra Yanomami é a maior área indígena do Brasil, com mais de 9 mil hectares distribuídos entre os estados de Roraima e Amazonas.

Durante o lançamento da Casa Ninja Amazônia, no painel SOS Amazônia, o filho de David Kopenawa Yanomami, um dos mais importantes escritores indígenas contemporâneos, afirmou que a invasão de garimpeiros em ritmo crescente dentro do território revela o descaso do governo brasileiro com a proteção da reserva ambiental.

“Na prática, a Constituição não está sendo praticada”, lamenta Dário. Nesta semana, o povo Yanomami, em uma ação inédita com o Conselho Nacional de Direitos Humanos pediu para que a Organização dos Estados Americanos (OEA) pressione o governo federal para que impeça a entrada e permanência de garimpeiros na terra indígena. Pedido ocorre em urgência e considera a grave crise nas aldeias por conta da pandemia de coronavírus.

Estimativas das organizações locais estimam 20 mil garimpeiros atuando na terra Yanomami, com potencial de contágio. De acordo com um levantamento produzido pela Rede Pró-Yanomami e Ye’kwana, até 20 de junho, 128 Yanomamis foram infectados e 6 morreram por conta da doença. Existem também 12 casos suspeitos e 6 óbitos suspeitos.

Após ação do Ministério Público Federal, a Justiça Federal obrigou a União e a Fundação Nacional do Índio (Funai) a apresentar um plano de restabelecimento de três Bases de Proteção Etnoambiental (BAPEs) na TI Yanomami. Após essa apresentação, a reativação das bases deve ser realizada em 120 dias. O estado de Roraima também deve disponibilizar força policial para ajudar nas atividades de fiscalização e repressão ao garimpo ilegal.

“As árvores são pensamento, tem muito conhecimento para passar aos seres humanos. A floresta tem vida. Nós povos da floresta não podemos negociar a terra, as árvores, a madeira. Porque a gente não se vende”, conclui Dário.

‘S.O.S Amazônia’

A liderança indígena Dário Kopenawa foi um dos participantes da live “S.O.S Amazônia: Ameaças, ataques e soluções”, que contou ainda com a participação do cientista e climatologista Nobel da Paz Carlos Nobre; do professor sênior do Instituto de Energia e Ambiente da USP Ricardo Abramovay ; e autor de “Amazônia. Por uma economia do conhecimento da natureza”; de Adriana Ramos, do Instituto Socioambiental, que falou sobre desmatamento e queimadas; de Sofia Mendonça, médica sanitarista; e da liderança indígena do Vale do Javari e integrante do Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato Beto Marubo. A mediação foi de Marielle Ramires, da Mídia NINJA.