As queimadas na Amazônia aumentaram 13% nos primeiros nove meses do ano na comparação com o mesmo período de 2019, e a floresta vive o pior período de incêndios em uma década, mostraram dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgados nesta quinta-feira.
Em setembro, os satélites do principal instituto de dados sobre o clima registraram 32.017 focos de incêndio na maior floresta tropical do mundo, um aumento de 61% em relação ao mesmo mês de 2019.
Os dados do Inpe mostram que só no último ano, os incêndios tiveram um pico em agosto e caíram consideravelmente um mês depois, mas neste ano o pico tem se mantido. Tanto em agosto quanto em setembro deste ano o pico dos mesmos meses do ano passado foi igualado ou superado.
“A gente teve dois meses de muito fogo. Pior do que o ano passado já está. Pode piorar ainda mais, se a seca continuar. A gente está à mercê das chuvas”, disse Ane Alencar, diretora científica do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), em uma entrevista para a agência de notícia Reuters.
Seca mais severa que no último ano
A Amazônia enfrenta uma temporada de seca mais severa do que no ano passado, o que os cientistas atribuem ao aquecimento do Atlântico Norte tropical.
Em toda a Amazônia, que se espalha por nove países, há atualmente 28.892 focos de incêndio, de acordo com uma ferramenta de monitoramento financiada em parte pela Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos.
Os incêndios em setembro não queimaram apenas áreas recentemente desmatadas e áreas agrícolas, onde produtores iniciam o fogo para limpar a terra, mas atingem cada vez mais áreas de preservação permanente, como o último reduto com maior número de onças-pintadas e araras-azuis.
Cerca de 62% dos maiores incêndios na Amazônia aconteceram em florestas em setembro, contra somente 15% em agosto, de acordo com análises de imagens de satélite da entidade sem fins lucrativos sediada nos EUA Amazon Conservation.
O aquecimento do Atlântico Norte também está influenciando a seca no Pantanal, que segundo dados do Inpe registrou o maior numero de focos de incêndios desde o início dos registros em 1998.
“O Brasil está em chamas”, disse Cristiane Mazzetti, do Greenpeace Brasil, em comunicado divulgado nas redes sociais.
*Com informações das agências Reuters e AFP