Coordenadora do Comitê do Chico Mendes, a primogênita de Chico, Angela Mendes, é quem toca as atividades que levam o legado de luta e resistência do pai ao mundo. Em meio ao cenário de retrocesso das políticas públicas, enfrentado no Brasil, espaços de diálogo e construção coletiva se fazem ainda mais necessários.
“A gente chega a 2020 em um cenário muito crítico. E a semana Chico Mendes é o nosso espaço de resistência”, salienta, Angela, observando que Chico foi um visionário! “Naquela época, ele já falava em socio bioeconomia, defendia a valorização da floresta, ou seja, entendia que a floresta só tem valor quando está viva, em pé”, frisou.
No Brasil, o governo de Jair Bolsonaro tem instituído o desmonte da política ambiental e social, pelas quais Chico tanto lutou. No Acre, o cenário não é tão diferente, tendo em vista que o atual governador, Gladson Cameli, foi eleito com os discursos de destruição e concentração de renda, do agronegócio.
Para Angela, a Amazônia é o grande alvo do desmonte institucionalizado no país. “Em todo o Brasil, nos deparamos com a perda de direitos das populações tradicionais. Na Amazônia isso é ainda mais forte. O Acre, por muito tempo, foi uma boa referência de preservação e políticas públicas de combate ambiental. Mas, infelizmente, o governo atual não respeita a história do Acre, tem relação com o agronegócio e, infelizmente, estamos vivendo uma situação muito grave”, alerta.
Em sua 31° edição, a Semana Chico Mendes reúne nomes importantes do movimento socioambiental no Acre e no Brasil. A programação começa nesta terça-feira, 15, com a entrega do Prêmio Chico Mendes de Resistência e o Seringal Cultural, evento que utiliza a arte como ferramenta de protesto e valorização de grandes artistas do cenário amazônico.