O Brasil já registra mais de 209 mil mortes por Covid-19. A negligência do governo de Jair Bolsonaro agravou a pandemia em todo o país. A capital do Amazonas, Manaus, enfrenta neste início de 2021 um colapso no seu sistema de saúde, em que a falta de cilindros de oxigênio causou a morte de amazonenses.
A tragédia foi alertada pela maior fornecedora de oxigênio do Amazonas, a empresa White Martins, que avisou o governo estadual, de Wilson Lima (PSC), sobre a escassez do produto. O ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, também foi informado sobre os problemas logísticos nas remessas. E mesmo assim o governo Bolsonaro nada fez para evitar a morte por asfixia de pacientes internados nas unidades hospitalares.
O agravamento da pandemia em Manaus é o retrato de um país gerido pelo negacionismo da ciência e das medidas de distanciamento social. Desde maio de 2020, pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) têm recomendado o lockdown, como forma de conter a propagação do vírus. Entretanto, o governo cedeu à pressão de grupos antivaciners e negacionistas, opositores ao isolamento.
Passadas as festividades de final de ano e em meio às declarações inadmissíveis de minimização dos danos para a saúde, causados pela Covid-19, proferidas publicamente por Bolsonaro, o que se vê é uma crise sem precedentes na história do sistema de saúde do Amazonas.
Com um governo inerte e sem políticas públicas para conter a crise no Amazonas, artistas e instituições brasileiras se mobilizaram para doar cilindros de oxigênio às unidades hospitalares do estado. Mesmo assim, a necessidade de oxigênio excede a capacidade de mobilização da sociedade civil, tendo em vista que a demanda é de nível industrial.
A falta de cilindros de oxigênio e o crescimento de casos de Covid-19 também afeta o interior do Amazonas. A situação mais grave é nas cidades de Parintins, Itacoatiara, Tabatinga, Manacapuru e Autazes, que possuem acesso e logística dificultado.
Intervenção da Justiça
Carros frigoríficos voltaram a ser instalados nos hospitais de Manaus, para armazenar os corpos das vítimas do novo coronavírus. De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Amazônia, uma nova variante do vírus foi identificada no Amazonas.
Diante do caos, a Justiça Federal determinou que o governo federal transferisse pacientes internados nos hospitais de Manaus (AM), que estavam em risco de vida, para outros estados do país com capacidade para dar suporte hospitalar.
Até o momento, o governo do Estado não propôs uma política pública de renda mínima como suporte às famílias de baixa renda para que se mantivessem no isolamento social.
Povos indígenas
O genocídio de populações brasileiras, pela falta de políticas públicas e retirada de direitos, também atingiu diretamente os povos indígenas. Dados da Articulação de Povos Indígenas do Brasil (Apib), apontam que 42.714 mil indígenas contraíram o novo coronavírus, em 161 territórios.
A ineficiência do governo federal fez com que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, rejeitasse a terceira versão do plano de enfrentamento à Covid-19 para os povos indígenas. Passados quase um ano após a pandemia, o Brasil ainda não apresentou medidas para conter a contaminação e morte das populações tradicionais, ribeirinhas e quilombolas do país.
O que se vê em Manaus é, mais uma vez, o prenúncio do que pode acontecer em outras cidades brasileiras, caso o presidente do Brasil continue ignorando a pandemia e tratando o vírus letal como uma “gripezinha”.