A região amazônica concentra quase 84% do número de massacres ocorridos no campo no Brasil. Os Yanomami estão entre as vítimas desta violência. Entre a década de 1980 e os dias atuais, o povo Yanomami sofreu 4 chacinas, e são um dos povos indígenas no Brasil que mais sofre com a invasão de garimpeiros ilegais em suas terras, demarcada em novembro de 1991 e homologada por um Decreto presidencial em 25 de maio de 1992. Atualmente, há cerca de 20 mil invasores na TI Yanomami.
Dos estados da Amazônia, o Pará dispara na frente, com 29 massacres. Em segundo lugar está Rondônia, com sete chacinas e Roraima, com quatro, todos contra o povo Yanomami. No massacre mais recente, em 2013 cinco indígenas foram mortos e outros sete feridos. Em todas as situações, eles são alvo de garimpeiros. Assim como nestes ataques feitos por garimpeiros que teve início em 10 de maio, o alvo é uma comunidade da região de Alto Alegre, no Norte de Roraima.
Garimpeiros continuam explorando o ouro ilegalmente e organizados, têm feito constantes investidas contra a comunidade Palimi ú, cujos moradores têm vivido dias de terror, sem qualquer sinalização do poder público em garantir segurança 24 horas, de maneira permanente. As notícias que chegam à comunidade – e diante da intimidação diária de garimpeiros armados e que transitam pelo rio – é que eles vão voltar. Indígenas temem que o pior aconteça se não receberem ajuda. Novos ataques foram realizados, e duas crianças Yanomami foram encontradas mortas no rio Uraricoera, 2 dias depois desta primeira investida contra a comunidade.
A Comissão Pastoral da Terra – CPT, que mantém um banco de dados sobre o assunto, realizou uma atualização do histórico de massacres no Brasil.
A CPT reconhece como “massacre” casos em que um número igual ou maior que três pessoas foram mortas na mesma ocasião.
Ele foi criado para “mostrar para a sociedade que este tipo de crime é mais uma das estratégias do capital para expulsar os povos de suas terras e territórios”. Fotos e vídeos fazem parte dos registros, que também podem ser pesquisados através de um mapa interativo.
Uma linha do tempo permite visualizar os massacres, e foi feito um recorte dos 4 massacres realizados contra o povo Yanomami. Conheça os detalhes desses crimes, com informações por ordem cronológica:
Agosto 15, 1987
Serra Couto Magalhães (RR) – TI Yanomami
Abril 25, 1988
Em 25 de abril de 1988, um confronto entre garimpeiros e indígenas em uma Gruta na região do Paapiú, em Roraima, resulta na morte de 8 indígenas, conforme registro da CPT à época. Há desencontro com outras fontes no número de mortos, porém o CEDOC da CPT registrou 8 indígenas mortos.
Agosto 1, 1993
Em 01 de agosto de 1993 ocorre o que ficou conhecido como Massacre de Haximu. Esse massacre é resultado das tensões relacionadas à corrida do ouro desde 1987 no Brasil, que incluem conflitos entre os garimpeiros brasileiros e o povo Yanomami. O nome da aldeia tornou-se mundialmente conhecido após o sangrento massacre que vitimou 16 Yanomamis, incluindo 5 crianças, mulheres e idosos de Haximu, pegos de surpresa no início de uma manhã por um grupo de garimpeiros fortemente armados.
Abril 14, 2013
Alto Alegre (RR) – TI Yanomami
Em 14 de abril de 2013, de acordo com a Funai, um conflito com armas de fogo entre tribos yanomami deixou 05 indígenas mortos e 07 feridos. Os indígenas da região de Alto Alegre (RR), afirmaram à Funai na época, que estavam sendo armados por garimpeiros em troca de permissões para exploração ilegal de ouro na terra indígena, que estaria invadida por ao menos 1.600 homens.