Uma pesquisa que avaliou a percepção da população sobre questões ambientais, revela que o brasileiro não confia no governo federal para conservar a Amazônia.
Na contramão do que prega Bolsonaro, 32% dos entrevistados acreditam mais nas organizações ambientais e nos povos indígenas e comunidades tradicionais (29%) na defesa do bioma, do que no governo, que tem crédito de apenas 13% dos respondentes.
Ao avaliar a percepção sobre a Amazônia, o levantamento aponta ainda que 94% dos entrevistados reconhecem o protagonismo do bioma para o equilíbrio climático e 85% confirmam o papel fundamental dos povos indígenas na conservação do bioma.
A maioria das pessoas que responderam aos questionamentos pensam que a conservação da Amazônia só se daria de modo mais efetivo, se executadas com empenho pelo governo federal.
Mas 47% delas afirmam que o Estado não cumpre o seu papel no controle do desmatamento. Outro grupo, composto por 38% dos entrevistados, disse que o governo federal cumpre em parte; somente 6% defende que ele cumpre totalmente seu papel nas ações de proteção.
Assim, os entrevistados acreditam que ações de combate ao desmatamento no bioma devem partir do governo federal. Eles acham que são autoridades políticas que podem reverter o quadro e evitar novos recordes neste ano. Mas o governo não inspira confiança.
Nesse cenário de combate ao desmatamento, 68% dos entrevistados, diz que medidas de fiscalização, aplicação de multas e combate às atividades ilegais são primordiais para conter as queimadas nos próximos meses, quando se consolida a estação seca na região. Eles consideram um grande problema para conter o avanço da devastação ambiental, a falta fiscalização e aplicação de multas.
Na contramão das medidas do governo federal esperadas pelos brasileiros, o Ibama reduziu em 42% a aplicação de multas de violação da flora amazônica, o que inclui o desmatamento, entre agosto e julho de 2020 em comparação com os 12 meses anteriores, segundo levantamento do Observatório do Clima divulgado em janeiro.
Números atualizados mostram que o total de focos de calor registrados na Amazônia Legal em maio de 2021 foi 49% maior que o número registrado no mesmo mês no ano passado, e 34,5% superior à média histórica do mês, segundo dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
O desmatamento neste maio também foi maior do que o mesmo mês no ano passado: 1.180 km2, ou 41% a mais do que em 2020, e isso considerando somente 28 dias.
O diretor de Políticas Públicas e Desenvolvimento Territorial do IPAM, Eugênio Pantoja ressalta que a percepção dos brasileiros captada pela pesquisa é fidedigna à realidade.
“O papel preponderante do governo federal no controle do desmatamento e das queimadas da Amazônia é inequívoca, mas temos visto uma desestruturação das políticas ambientais e o enfraquecimento de órgãos de fiscalização”, alerta.
A pesquisa foi realizada com 2 mil pessoas, com 16 anos ou mais, de forma on-line, nas cinco regiões brasileiras, entre as classes A, B e C. A margem de erro é de dois pontos percentuais, com um nível de confiança de 95%. Quando avaliado o perfil dos entrevistados, a maioria deles tem posição política de direita e centro: 40% e 33% respectivamente, enquanto apenas 27% dos entrevistados declararam posicionamento político de esquerda.
Quando perguntados sobre de quem é a culpa pelos desmatamentos e queimadas na Amazônia, 47% das pessoas responderam que são os grileiros, criminosos que tomam terras pública. Em seguida, com 38%, aparecem empresas que atuam na região.
De fato, no primeiro trimestre de 2021, um terço do desmatamento na Amazônia foi realizado em florestas públicas não destinadas, uma ação totalmente ilegal e associada à grilagem, segundo estudo do IPAM divulgado em maio.
Para 83% dos entrevistados, as queimadas e os desmatamentos afetam negativamente a imagem do país no cenário internacional. Nos últimos anos, o Brasil tem sido cobrado por outros países, investidores e compradores internacionais por um controle mais efetivo do desmatamento e das queimadas na Amazônia.
“A temporada de seca chegou; se o país não deseja ser visto com maus olhos novamente, precisa de uma estratégia integrada de controle e combate aos desmatamentos e queimadas de curto e médio prazo. Precisa colocar em campo mais fiscalização e ações de inteligência, dar apoio aos Estados; investir na estruturação de brigadas e de logística; e abrir espaço para que a sociedade e a iniciativa privada possam contribuir. Só assim o desmatamento e as queimadas reduzirão e a Amazônia ficará protegida.”
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Sustentabilidade
Uma outra pesquisa reforça que cresce a consciência ambiental da população brasileira e que a atrai cada vez mais, ações voltadas a um mundo mais sustentável. As pessoas têm pensado mais sobre coleta seletiva e economia de água e luz, por exemplo.
Uma pesquisa realizada pela BrandLoyalty em parceria com Kantar comprova esta percepção ao constatar que 88% dos brasileiros têm seus valores vinculados a sustentabilidade.
Ao realizar entrevistas com 1.597 pessoas, o levantamento visava entender o comportamento do consumidor em relação à escolha dos varejistas.
A pesquisa identificou que 87% dos brasileiros ficam mais confortáveis/atraídos por supermercados que os inspiram a minimizarem o desperdício de alimentos.
Outros 86% dos respondentes apontaram que gostam quando os varejistas os estimulam a fazerem escolhas mais saudáveis.
O estudo aponta, ainda, que os brasileiros estão preocupados com a economia de água quando escovam os dentes (86%); com o uso de aparelhos com melhor eficiência energética (74%); e em tomar banhos mais curtos para o uso consciente da água.