Sede de projeto ambiental na reserva Piagaçu-Purus agora conta com banheiro ecológico (Taboa Engenharia)

 

Projetos dos engenheiros ambientais Leonardo Adler e Tito Cals têm se configurado como uma alternativa à falta de saneamento básico que atinge 47% da população brasileira. Seus projetos têm transformado a realidade de comunidades periféricas.

Todos os projetos são elaborados em conjunto com os moradores, que além de escolherem aqueles que mais correspondem aos seus anseios, ajudam na sua construção.

“Acreditamos na democratização do conhecimento das técnicas e tecnologias de saneamento ecológico como uma maneira de contribuir para a universalização do acesso a este serviço tão defasado no país”, declaram. Juntos eles mantêm a Taboa Engenharia. A empresa tem auxiliado favelas, comunidades isoladas, tradicionais, assentamentos e casas de acolhimento de pessoas em situação de vulnerabilidade, por exemplo.

Na comunidade Vale do Encantado, que fica na Floresta da Tijuca no Rio de Janeiro (RJ) e que nunca teve saneamento básico, tudo começou quando o líder comunitário Otávio Barros procurou Leonardo Adler em 2005. Juntos escreveram um projeto de saneamento ecológico que só saiu do papel em 2011 com a chegada de Tito Cals.

Tito Cals e Leonardo Adler também ministram cursos de formação para projetos de biossistemas (Taboa Engenharia)

“O projeto de saneamento ecológico do Vale Encantado existe porque a associação de moradores buscou por ele. As famílias que deram origem a comunidade estão lá desde antes de 1900 e com este projeto possuem mais um argumento na luta pela permanência no seu território, mostrando que se preocupam com o ambiente e com a floresta”, dizem.

Em 2014 construíram um biodigestor no restaurante da comunidade. O tanque que fica debaixo do local recebe resto de comida que é transformado em gás e vai para o fogão, usado no preparo das refeições. No ano seguinte conseguiram investimento para a construção de um segundo biodigestor que transforma o esgoto das casas e comércios, em adubo.

Segundo os engenheiros, as tecnologias baseadas no saneamento ecológico se utilizam da sabedoria da natureza: o tratamento do esgoto é feito por bactérias e plantas e se integra à paisagem onde está inserido.

“Começamos nossa caminhada no desenvolvimento de projetos de saneamento ecológico para favelas e comunidades isoladas no final de 2013 dando suporte para a Solar Cities, organização que atua na capacitação de multiplicadores de biodigestores ao redor do mundo e veio para o Brasil com esta intenção e verba para realização de projetos em duas comunidades no Rio de Janeiro”.

Com o projeto do Vale Encantado e ecossistemas ecológicos edificados junto a comunidades da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus (AM) a empresa ganhou o prêmio do Desafio Banheiros Mudam Vidas, edital da marca de papel higiênico, Neve. Os ecossistemas evitam que o esgoto seja lançado ao meio ambiente.

No Amazonas, as comunidades da reserva puderam escolher alguma inovação para ser implementada entre gestão de resíduos, cosmética e produtos de limpeza naturais e tratamento de esgoto.

Junto ao Projeto Escola D’Água, em Piagaçu-Purus, que atende dez comunidades da reserva com atividades de educação ambiental para a preservação das águas, edificaram um banheiro seco.

“A comunidade do Uixi escolheu desenvolver um banheiro seco, tecnologia de tratamento de dejetos humanos sem água, e nós fomos convidados para facilitar este processo de adaptação participativa desta tecnologia para a realidade local”.

O banheiro seco, explicam, é uma tecnologia de tratamento de dejetos humanos que não utiliza água, baseada na compostagem, o processo de degradação de matéria orgânica por micro-organismos.

“Dependendo da técnica construtiva utilizada, é necessário que a urina seja tratada separadamente dos dejetos para aumentar a eficiência do processo. No banheiro seco do Projeto Escola D’Água, os jovens da comunidade do Uixi escolheram fazer um vaso sanitário separado para a urina e com muita criatividade reaproveitaram um galão de água de 20L para a construção.

“A urina é direcionada junto com as águas da pia para um núcleo de fertilidade com bananeiras e as fezes são depositadas em uma bombona de 50L, que quando atinge a capacidade máxima, é despejada em uma composteira externa. Nesta composteira, microorganismos atuam para degradar a matéria orgânica e os patógenos, e após 6 meses de compostagem (contados a partir do dia em que a composteira chegou à capacidade máxima), o material se torna um adubo de alta qualidade”.

Já  a comunidade de Santa Luzia do Jari escolheu trabalhar o tratamento de esgoto implementando um biodigestor na escola. Na segunda foto, “o morerú florindo super adaptado com o esgoto e o biogás sendo produzido a partir do esgoto e chegando ao fogão!”