Placa na entrada da TI Uru-Eu-Wau-Wau, em Rondônia, tem marcas de tiros (Ubiratan Suruí)
A equipe de vigilância territorial do povo Uru-Eu-Wau-Wau flagrou homens retirando madeira ilegal, extraída de dentro da Terra Indígena, e os impediu de sair da área nesta terça-feira (14). Os indígenas acionaram a Funai e chamaram a polícia, que prendeu os criminosos.
Muitas fazendas que estão nos limites da TI situada em Rondônia vêm invadindo o território, pressionando cada vez mais os indígenas e ameaçando suas vidas. O bolsista da Casa Ninja Amazônia, Ubiratan Suruí (@ubiratansurui) registrou mais um episódio de ataques às terras do povo Uru-Eu-Wau-Wau. A situação de conflito demanda atenção das autoridades políticas, de fiscalização e policiais.
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Indígenas impediram saída de criminosos (Ubiratan Surí)
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Fazendas estão extrapolando limites e invadindo TI (Ubiratan Suruí)
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Áreas onde são extraídas madeiras ilegalmente viram área de pastagem (Ubiratan Suruí)
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Diferenças entre dois territórios: indígena à esquerda e fazenda à direita (Ubiratan Suruí)
O desmatamento em territórios com povos indígenas isolados tem crescido em níveis alarmantes. O Boletim Sirad Isolados, do ISA (@socioambiental) indicou que em TIs a derrubada de floresta em julho cresceu 118% em relação a julho de 2020. Em apenas um mês, houve um aumento de 236%.
A Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau esteve no topo do ranking de desmatamento do monitoramento nos últimos meses. O desmatamento no interior da TI, alvo de incêndios criminosos, cresceu 85%, com 104 hectares em apenas um mês. Foi identificado o equivalente a 12 mil campos de futebol queimados em um raio de 10 km no entorno do território.
Ao percorrer o território, Ubiratan realizou registros que servirão como base de futuras denúncias. Frente à inércia do Governo Federal, certamente serão endereçadas a órgãos internacionais de defesa de direitos.
As imagens mostram áreas de fazendas ilegais que estão situadas dentro do território Uru-Eu-Wau-Wau. Áreas de pastagens são expandidas dia a dia, invadindo a TI, mas nenhum órgão público se manifesta ou toma qualquer atitude.
Moradores da TI fazem vigilância do território e expulsam invasores que sempre respondem com ameaças de morte. A pressão sobre os indígenas tem feito vítimas, como Ari Uru-Eu-WauAri, assassinado em 2020. Ele trabalhava justamente nesse grupo, registrando e denunciando a extração ilegal de madeira em seu território.
A placa que sinaliza tratar-se de uma terra protegida, na entrada da TI denuncia o clima constante de intimidação aos indígenas. Muitos furos de tiros revelam o clima de tensão.
Lideranças indígenas estão preocupadas com os conflitos que se acirram, principalmente, porque a região abriga muitos indígenas isolados e outros recém-contatados, como os Amondawa e Jupaú, sobreviventes da política genocida de contato.