Madagascar pode ser o 1° país da África a registrar fome causada por mudanças climáticas (UNICEF/Safidy Andriananten)

 

No Sul de Madagascar, mais de 1 milhão de pessoas já estão batalhando para comer. O Programa Mundial de Alimentos (PMA), aponta que o país africano poderá ser o primeiro a registrar situação de fome causada pela mudança do clima na Terra.

O impacto da seca varia de lugar para lugar. Enquanto em algumas áreas conseguem ainda plantar poucos alimentos, como batata doce, em outros, as pessoas estão tendo que comer gafanhotos e folhas de cactos. Estas últimas, até então, eram usadas para alimentar o gado. Mas até os cactos estão morrendo com a seca.

Quem relata a situação tão preocupante, é a representante do Programa Mundial de Alimentos (PMA), naquele país, Alice Rahmoun. Baseada na capital do país, Antananarivo, ela percorreu cidades da região sul. Segundo ela, enquanto algumas comunidades não tem uma temporada apropriada de chuvas há 3 anos, a situação é bem pior em zonas a 100 km de distância.

A especialista disse à ONU News, que viu vilarejos com campos completamente secos e tomateiros “totalmente amarelados ou até mesmo marrons” devido à falta de água.

“Há menos chuva, então quando acontecem as primeiras chuvas, eles ficam com esperança e plantam algumas sementes. Mas um pouquinho de chuva não é uma temporada de chuvas apropriada”. Ela diz que é possível afirmar também, que “os impactos da mudança climática são cada vez mais fortes…as colheitas falham constantemente, e as pessoas não têm o que colher nem nada para renovar seus estoques de alimentos.”

Segundo Alice, o PMA está colaborando com parceiros humanitários e com o governo do Madagascar para fornecer dois tipos de resposta à crise. Cerca de 700 mil pessoas estão recebendo ajuda alimentar, incluindo suplementos para prevenir a desnutrição.

Uma mãe espera receber comida para seu filho em área afetada pela seca (PMA/Fenoarisoa Ralaiharinony)

“A segunda resposta é mais de longo prazo, com o objetivo de permitir que as comunidades estejam bem preparadas para responder aos choques climáticos”, afirma Rahmoun.

O PMA auxilia com canais de irrigação, reflorestamento e pequenos seguros para ajudar os agricultores quando perdem uma colheita, por exemplo.

A agência da ONU também espera apoiar 1 milhão de pessoas até abril e para isso, busca US$ 70 milhões para financiar suas operações. “Estamos também envolvendo mais parceiros para encontrar e financiar soluções para que as comunidades se adaptem aos desafios causados pela mudança climática.”

Recentemente, o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola, Fida, divulgou relatório em que alerta que as plantações de alimentos básicos podem diminuir em pelo menos 80% até 2050 em oito países africanos. Madagascar é um deles. O documento explica que as reduções, causadas pelo aumento da temperatura global, poderiam ter um impacto catastrófico, aumentando a pobreza e limitando a disponibilidade de alimentos.