Cientistas, mais uma vez, tiveram que desmentir declarações de Jair Bolsonaro. Em evento em Dubai no início da semana ele disse que “a Amazônia não pega fogo, porque é uma floresta úmida”. E ainda, que a floresta estaria “exatamente igual a quando foi descoberta no ano de 1500”. Mas dados divulgados pelo Inpe nesta quinta-feira (18) o desmoralizam ainda mais. A área desmatada na Amazônia aumentou em 22%. Entre agosto de 2020 e julho de 2021 foram desmatados 13.235 km², maior índice desde 2006.
Já quanto à Amazônia não pegar fogo, a professora do Departamento de Ecologia da UNB, Mercedes Bustamante explicou à CNN que a floresta está sob impactos de ações induzidas pelo homem. “Então, quando você tem um processo de desmatamento você fragmenta a floresta em pequenas unidades e isso aumenta o que chamamos de efeito de borda da floresta, que vai ficando mais seca e suscetível a incêndios florestais”.
E há ainda o processo de degradação com a retirada seletiva de madeira que também abre a cobertura florestal, permitindo a entrada de radiação solar. Essa floresta fica seca, tornando-se mais suscetível a incêndios. E tem ainda o processo de ignição por ação humana, quando colocam fogo na floresta. Somado a esses fatores ela sofre ainda os impactos das mudanças ambientais globais. “E isso vem mudando as condições ecológicas que fazem com que o fogo se torne mais frequente na região”.
Ela explicou ainda que quase 20% da Amazônia já foi desmatada e agrega-se ainda, cerca de 18% da Bacia Amazônica. “A região conhecida como arco do desmatamento pode atingir um ponto de inflexão. Então, é preciso um olhar com urgência”, alertou.
Mercedes chama atenção também para o papel essencial da floresta amazônica no ciclo hidrológico. “Transpirando, retornando o vapor de água para a atmosfera. E esse vapor é transportado por movimentos atmosféricos para outra parte do continente influenciando não só na manutenção da floresta mas com a precipitação que vai alimentar outras regiões do Brasil, inclusive a região Centro-Oeste, tão importante para o agronegócio”.