Por Mauro Utida
Centenas de pessoas ouviram as palavras do xamã Yanomami, Davi Kopenawa, na 26ª Bienal do Livro de São Paulo, na tarde de sexta-feira (8). Ele é autor do livro “A queda do céu”, considerado pelo escritor português Valter Hugo Mãe “uma bíblia sagrada da cultura indígena”.
Um dos maiores porta-vozes da comunidade Yanomami denunciou o sofrimento do seu povo causado pela destruição da floresta Amazônica, principalmente pelo garimpo ilegal, incentiva pelo atual governo brasileiro.
“O povo da cidade não sabe o que está acontecendo na minha casa, por isso eu vim aqui para falar da situação do meu povo Yanomami que está precisando da força de vocês, para olhar para nós que estamos enfrentando uma homens perigosos que invadiram a nossa casa. Hoje somos em 30 mil Yananomamis, que vivem entre o Roraima e Amazonas, mais os 15 mil Yanomamis na Venezuela”, alertou.
Apesar da revolta com o descaso com a Floresta Amazônica, Kopenawa disse que estava feliz com a repercussão de seu livro “A Queda do Céu”, que escreveu em parceria com o antropólogo francês, Bruce Albert. “Fico feliz de completar uma missão de escrever o livro e mostrar como nós povos Yanomamis cuidamos da floresta, da beleza da floresta e da alma da Amazônia”, declarou em entrevista para a Mídia NINJA.
Kopenawa participou da mesa promovida pelo Sesc no Salão de Idéias da Bienal que levou o tema “Amazônia dos Povos e da Biodiversidade”, que contou com a participação da indígena Guarani Cristine Takuá e do indigenista Felipe Milanez. O evento foi marcado pelo encontro inesperado entre Kopenawa e Ailton Krenak, duas das maiores lideranças indígenas do país.