São longos trechos clandestinos encobertos pela floresta, que agora, viabilizam a entrada de máquinas pesadas
Na Terra Indígena Yanomami, a invasão garimpeira alcança níveis alarmantes. Reportagem deste domingo (11), do Fantástico, revela a abertura de uma estrada de 150 km dentro do território. São longos trechos clandestinos encobertos pela floresta, que agora, viabilizam a entrada de máquinas pesadas. Até então, eram locais de difícil acesso.
A denúncia foi feita pelo Greenpeace Brasil, que convidou a reportagem para o sobrevoo, além da deputada federal eleita por São Paulo, Sônia Guajajara.
A reportagem também traz imagens de uma operação realizada pelo Ibama, que seguindo a nova rota do crime, descobriu uma escavadeira escondida na mata e a explodiu. De outro lado, durante o sobrevoo também foi possível flagrar outras três em plena atividade.
Membro da campanha da Amazônia da ONG, Danicley de Aguiar alertou que a chegada das escavadeiras confere um poder de devastação ambiental muito maior.
“Infelizmente, o que gente presenciou na Terra Indígena Yanomami, nesse momento, é o garimpo indo para um patamar diferenciado”, destacou.
O analista ambiental e fiscal do órgão, Hugo Loss realçou a relação estreita entre o garimpo e as facções criminosas na TI Yanomami.
“Assim que a presença da polícia se fez lá no rio, a gente observou que eles começaram a soltar fogos. Então, esse é um sinal de alerta que eles dão, típico de facção criminosa. Para poder avisar que existe ali a presença da polícia”.
A reportagem do Fantástico teve acesso a conversas entre garimpeiros, que avisavam da operação. “Vieram baixinho, rasteiro”, diz um deles. “É bom dar uma quietada, hein? Circula essa informação, porque vai queimar trem aí”, responde um outro. “Aí, ó, todo mundo entocado”, orienta um terceiro.
Também foram encontradas bases ao longo do rio Uraricoera. Uma delas, com toda a estrutura para moradia, dois tanques de combustíveis e carro cheio de galões de combustíveis pronto para distribuí-lo. No mesmo local, um avião e um helicóptero foram destruídos.
O analista ambiental, Hugo Loss destacou ainda que são pouco efetivas ações pontuais e que é preciso vigilância permanente do território. A situação de impunidade segue impulsionando mortes de indígenas Yanomami, além do sofrimento contínuo de comunidades que sofrem com a explosão da malária, fome e consequente desnutrição.
A deputada federal eleita por São Paulo, Sônia Guajajara também foi convidada para o sobrevoo.
“Essa não é apenas uma exploração do território, mas da vida dos Yanomami, que dependem do território para garantir sua sobrevivência.