
Foto: Gabriel Bicho / Mídia NINJA
Um relatório divulgado pela Aliança Global de Comunidades Territoriais, que representa povos indígenas e comunidades locais da Bacia Amazônica, Indonésia, América Central e México, aponta que em 2019 o Brasil foi responsável por um terço do desmatamento de florestas nativas em todo mundo.
Ao todo foram 3,8 milhões de hectares, sendo 1,3 milhão no Brasil. Números são desanimadores e colocam o país na primeira posição dentre os que mais perderam território verde, além de demonstrarem a pressão do desmatamento sob territórios indígenas.
A Aliança Global utilizou dados da Universidade de Maryland e, é composta por organizações territoriais como, Aliansi Masyarakat Adat Nusantara (AMAN), Aliança Mesoamericana de Povos e Florestas (AMPB), Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e Coordenadoria das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (COICA). Juntas, as organizações representam mais de 60 povos indígenas e populações tradicionais.
No território indígena de Trincheira / Bacajá, no Pará, o desmatamento como resultado da apropriação ilegal de terras protegidas acelerou em 2019. Nesse mesmo ano, a Bolívia viu desaparecer 80% de sua cobertura de floresta, comparado ao ano de 2018, conforme o estudo.
Da lista de países onde o desmatamento explodiu no último ano, três estão na Amazônia. Peru, com 162 mil hectares, Brasil, além da Bolívia, com 290 mil hectares devastados, se encontram cada vez mais ameaçados pela prática insustentável de trato com a terra e os territórios.
A mineração continua a ameaçar florestas em outros territórios brasileiros, como Munduruku e Kayapó, no Mato Grosso. Enquanto isso, o governo brasileiro segue propondo alterações mais drásticas na atual legislação ambiental com objetivo de liberar a extração de minério em terras indígenas, por exemplo.
Diretamente e extremamente afetados pelos efeitos reais sinalizados pelos números de áreas devastadas, os povos indígenas da Amazônia agora lutam contra mais um inimigo: a pandemia de coronavírus. Estudos apontam que indígenas estão entre os mais afetados pelo vírus na região Norte do Brasil, sendo a população com maior falta de assistência médico-hospitalar.
Campanhas e mobilizações, principalmente na internet, tem buscado reunir recursos e contribuições para o enfrentamento da doença nas aldeias. Sem resposta efetiva do governo, resta aos indígenas buscarem ajuda internacional e de voluntários para somar na luta pela preservação da floresta e das vidas que a protegem.