
Foto: Foto: Jonne Roriz/AMPA
Por Ninja Ambiental, com informações da Ampa
A instrução normativa publicada na última semana no Diário Oficial da União estende o prazo da proibição da pesca e comercialização do piracatinga ou urubu d’água, peixe-liso dos rios da Amazônia. Para obter resultados mais rápidos e positivos na pescaria do piracatinga, carne de boto, uma espécie de golfinho de água doce, é usada como isca.
Até 7 mil botos eram mortos por ano no estado do Amazonas, antes da moratória interministerial que teve o prazo estendido para mais um ano pela Secretaria de Aquicultura e Pesca do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Para a pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC) e Coordenadora do Projeto Mamíferos Aquáticos da Amazônia, Vera da Silva, com a diminuição da matança de botos essas espécies podem ter um fôlego a mais.
“O boto-vermelho, por exemplo, tem uma reprodução lenta e se há a retirada em excesso dessa espécie da natureza a tendência é colapsar. Se o boto-vermelho desaparecer daqui da região amazônica, ele desaparece do mundo”, explica a bióloga doutora em Ecologia e Reprodução de Mamíferos pela Universidade de Cambridge, no Reino Unido.
Em um dos incisos, a moratória prevê estudos da recuperação das espécies que eram utilizadas como iscas na pesca, o boto-vermelho (Inia geoffrensis), tucuxi (Sotalia fluviatilis) e jacarés (Caiman crocodilus e Melanosuchus niger).
Segundo a normativa, a Secretaria de Aquicultura e Pesca, junto a outras instituições governamentais, deverá identificar técnicas e métodos ou alternativas produtivas ambiental, econômico e socialmente viáveis e sustentáveis para o exercício e controle da atividade pesqueira da piracatinga.