O indigenista Rieli Franciscato, que estava a frente da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Rondônia, morreu em decorrência de uma flechada quando tentava proteger um grupo de Indígenas isolados na região de Seringueiras.

“A terra indígena Uru-euwau-wau está sob uma imensa pressão, o Rieli morreu para defender a vida desses indígenas e por um Governo que não protege indígena, não protege servidor, persegue ONGs defensoras de indígenas”, conta Ivanilde Cardozo, da Kanindé Defesa EtnoAmbiental.

Seu trabalho na proteção de isolados não era de hoje, assim como seu compromisso na proteção dos grupos de Indígenas isolados, mesmo sem condições de trabalho adequado, de modo particular nestes dois últimos anos, quando a política anti-indígena ganha forças dentro do Governo Federal.

Convém destacar que, com o asfaltamento da BR 319 a pressão sob a Terra Indígena aumentou fortemente e os limites foram aos poucos sendo descaracterizados e a área de amortecimento violada.

Com isso a destruição passou a afetar este grupo no interior da referida terra, não lhes restando outra alternativa a não ser sair em busca de produção, objetos…

Rieli tentava a todo custo evitar o contato o direto, para evitar contaminação e por isso buscava fazer a proteção a distância.
Mas os últimos meses a situação se agravou pelas saídas dos indígenas nos lotes de colonos e o registro de várias situações de medo e de ameaças foram divulgadas nas mídias sociais.

Ao que parece, os indígenas não tinham mais confiança em ninguém da região pela situação a que estavam sendo submetidos…e isso custou a vida do que atuava incansavelmente para defender suas vidas…uma flecha silenciou Rieli e revela que “balas”, tiros, já fez vítimas neste grupo ao ponto de atacarem em legítima defesa do pouco que lhes resta de território…

Rieli foi vítima da própria política indigenista atual…
Aos familiares de Rieli nossa solidariedade e respeito.
Aos Indígenas a continuidade da luta de Rieli por sua proteção.

Aos colonos pedimos compreensão e respeito.
Aos invasores pedimos prisão… Justiça.

Aos governantes exigimos corresponsabilidade e compromisso com a Vida dos povos indígenas.

Aos órgãos de Justiça que se faça Justiça em defesa da vida dos que lutam para continuar vivos, os indígenas em condição de isolamento social.

Rieli, presente, presente, presente.

Por Iremar Ferreira, do Instituto Madeira Vivo