Mesmo com aumento do desmatamento e dos incêndios, o governo Jair Bolsonaro cortou os orçamentos do Ibama e do ICMBio em 2021. A medida, advertem especialistas, pode comprometer a atividade de fiscalização de crimes ambientais e conservação de biomas.
No caso do Ibama, o corte nas verbas é de 4%, para R$ 1,65 bilhão. Do total, R$ 513 milhões ainda dependem de crédito extra a ser aprovado pelo Congresso, ou 31%.
No ICMBio, a redução foi ainda maior: queda de 12,8%, para R$ 609,1 milhões –e R$ 260,2 milhões (43%) ainda sujeitos ao aval dos congressistas.
A redução ocorre apesar de a Amazônia ter registrado o segundo pior agosto em relação a queimadas e desmatamentos – apenas atrás do primeiro ano da gestão Bolsonaro.
O corte de recursos no Ibama e no ICMBio causa preocupação em especialistas. Com menos dinheiro no ano que vem, ficará ainda mais difícil para ambos desempenharem suas atividades. No caso do Ibama, há um déficit de agentes para fiscalizar irregularidades ambientais e aplicar embargos, diz Suely Araújo, ex-presidente do órgão.
Elizabeth Uema, secretária-executiva da Ascema Nacional (Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente) afirma: “As reduções no orçamento contribuem para piorar a situação, porque, de uma maneira geral, reduzem a capacidade operacional e deixam o Ibama e o ICMBio mais dependentes do Exército, da Polícia Federal, que não têm a expertise para atuar nessa área”