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A maior montadora de motocicletas da América Latina, a Honda, decidiu que sua fábrica em Manaus, que corresponde a 78% de produtos lançados no mercado mundial, vai passar a reduzir pela metade a emissão de CO2 em até 30 anos. O anúncio foi realizado pela empresa no início dessa semana e animou a classe política local, mas cientistas veem o prazo como muito distante, o que pode ser muito tarde para evitar uma catástrofe climática.

“Um dos mitos mais comuns é que a Zona Franca de Manaus mantém a floresta preservada. Isso é não procede. A Superintendência da Zona Franca de Manaus nunca tornou público os dados de emissão de gás carbônico emitido pelas mais de 100 indústrias que utilizam química e processos altamente tóxicos. Talvez a Honda seja uma das primeiras a anunciar redução de CO2, mas 2050 pode ser muito tarde”, conta Adriano Ribeiro, ex-assessor do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam).

Ribeiro ajudou a elaborar o plano de manejo de gases emitidos pelas empresas da ZFM, modelo nunca implementado. Ele afirma que há condições das empresas se adequarem em menos de 10 anos diante das exigências mais urgentes do clima. “Penso que as condições existem. A urgência de um novo modelo de economia está fazendo a ZFM fica obsoleta”, explica.

Poluição de Manaus afeta floresta Amazônica

Em um recente estudo divulgado, cientistas apontaram que a poluição emitida no ar diariamente em Manaus tem alterado a composição química da atmosfera da floresta amazônica. Além de moficar nuvens, afetando a ocorrência de chuva, o processo de fotossíntese também é atingido.

A descoberta foi anunciada por um grupo de pesquisadores brasileiros, alemães e americanos do GoAmazon, um projeto científico internacional que estuda como as mudanças promovidas pelo homem no meio urbano afetam a atmosfera limpa da região amazônica.

“Ao observar o entorno de Manaus, cidade cercada por 1.500 quilômetros de floresta pristina (virgem), constatamos que os ventos conseguem carregar e espalhar a poluição urbana metropolitana sobre centenas de quilômetros da Amazônia”, explica Henrique Barbosa, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP), integrante do GoAmazon citado em uma reportagem da BBC.