Ações nas redes sociais com twittaço e ato político cultural, às 10 (horário de Brasília) marcam o Dia Internacional da Luta Camponesa, neste sábado (17).
A data demarca a Jornada de Lutas do MST pela Reforma Agrária Popular, conhecida como “Abril Vermelho”, em memória ao Massacre de Eldorado do Carajás. No final da tarde de 17 de abril de 1996, 21 trabalhadores foram assassinados vítimas de execução policial, na Curva do “S”, no município de Eldorado dos Carajás, no Pará.
Da diretoria nacional do MST e liderança no Pará, Francisco Moura, a dor pelos camponeses continua, por suas famílias e principalmente, pela impunidade. Apenas dois, dos 155 policiais envolvidos foram condenados, mas cumprem pena em liberdade.
“Não houve um julgamento justo. O MST continua lutando para que um dia a gente tenha um julgamento justo aqui no Estado do Pará, tendo em vista que o governador da época e também seu secretário de segurança pública (que já morreram) nunca foram arrolados no processo de Carajás”.
Ele enfatiza que o massacre não caiu no esquecimento.
“Principalmente pela mobilização da juventude de nosso movimento que anualmente faz acampamento no local onde ocorreu a tragédia. Sobre o julgamento e a reforma agrária não temos o que comemorar, só lutar para que o responsável ou responsáveis pelo massacre paguem pelo que fizeram”. Com a pandemia, a ação de acampamento teve que ser suspensa e eventos virtuais marcam a data em 2021.
Francisco, que acompanha de perto a vida das famílias que sofreram com o massacre, conta que além dos que morreram, outros sofrem até os dias de hoje por sequelas que decorreram do ato de violência. “Não podem trabalhar. Alguns poucos foram indenizados e outros que não, vivem com muita dificuldade. O Estado tirou deles as condições de trabalhar”.
Para ele, a multinacional Vale também deveria ser arrolada ao processo. “Foi quem deu o ônibus para os policiais irem até lá”. Ele pede um julgamento com todos os envolvidos, e que seja justo.
“Muitos massacres ocorrem silenciosamente aqui na Amazônia, massacres silenciosos de indígenas, quilombolas. Tem um governo que acendeu a luz amarela com a questão, justamente de matar sem-terra, de armar fazendeiro. Vamos seguir na luta pela justiça”.