Mesmo com os esforços do então delegado da Polícia Federal, Alexandre Saraiva, que apreendeu 131 mil m³ de madeira no fim do ano passado – a maior apreensão já realizada em solo brasileiro -, a carga foi devolvida.
A operação teve intervenção do ministro Ricardo Salles. No início de abril, ele realizou uma inspeção in loco. O então superintendente da PF no Amazonas, Saraiva reclamou à época, que o ministro havia realizado uma “pseudoperícia”, pois de 40 mil toras, inspecionou duas delas dizendo que estava “tudo certinho”.
Aos madeireiros, disse que se comprovassem, por meio de documentos, que a madeira havia sido extraída dentro da legalidade, teriam o produto seria devolvido.
Nunca antes na história desse país um ministro do Meio Ambiente se manifestou contrariamente a uma operação que visa proteger a floresta. A atitude do ministro foi criticada por Saraiva que avaliou que o Salles estava legitimando ação criminosa em detrimento de uma operação, no caso a Handroanthus, realizada por agentes públicos.
Foi por isso que Saraiva denunciou Salles ao STF e ao TCU. Segundo Alexandre Saraiva, o ministro atrapalhou a fiscalização ambiental e patrocina interesses privados. Depois da denúncia, o delegado foi demitido.
Em audiência virtual na Câmara dos Deputados, no dia 26 de abril, disse que a investigação apontou desmatamento ilegal, grilagem de terra, fraude em escrituras e exploração madeireira em áreas de preservação permanente. À época ele relatou aos deputados a atuação do ministro Ricardo Salles em prol de quem chamou de “criminosos ambientais”.
A tese de que Salles atua para encobrir os crimes se somam ao fato de que a liberação da madeira ocorreu na semana passada. Mesma semana em que o ministro transferiu o gabinete do Ministério do Meio Ambiente, do Ibama e do ICMBio, de Brasília (DF) para o oeste do Pará, alegando que era para acompanhar operações de fiscalização na região com apoio da Força Nacional.
Por fim, o ministro Salles tornou nula a operação da PF, pois o Termo de Restituição aos proprietários foi assinado pelo delegado da Polícia Federal, Thiago Leão Bastos, liberando toda a carga apreendida na operação Handroanthus.