Após as festividades de fim de ano e flexibilização das medidas de distanciamento, os casos de Covid-19 cresceram em todo o país. Com o aumento desenfreado de contaminações, os sistemas de saúde de muitos estados da Amazônia entraram em colapso.

O Amazonas, mais uma vez, foi o primeiro a sofrer os impactos da segunda onda da pandemia. Sem oxigênio nas unidades hospitalares, milhares de pacientes com Covid-19 estão morrendo por asfixia.

O descaso dos governos Bolsonaro (ex-PSL) e Wilson Lima (PSC) resultou no agravamento da pandemia no Amazonas, que já registrou mais mortes pelo novo coronavírus, em janeiro de 2021, que nos últimos sete meses.

Segundo registros de óbitos oficiais feitos pelos cartórios, entre junho e dezembro de 2020, o estado contabilizou 1.586 mortes por covid-19. Somente nos primeiros 30 dias deste ano, esse número já chegou a 1.592 óbitos. Desde o início da pandemia, 8.117 vidas amazonenses foram perdidas.

O Amazonas foi prenúncio do que estava por vir para as demais cidades brasileiras, em especial, dos estados da Amazônia, totalmente esquecidos pelo governo federal.

O Amazonas continua registrando mortes por asfixia (Foto: Michael Dantas / AFP)

Acre

Ao Norte do país, o Acre está prestes a entrar em colapso. O estado está com 98% dos leitos hospitalares lotados e regrediu nesta semana à bandeira vermelha da pandemia, em que apenas os serviços essenciais podem funcionar.

Com o aumento dos casos de Covid-19, as mortes voltaram a subir e já chegam a 873 vidas perdidas para o novo coronavírus. A situação dos indígenas preocupa, tendo em vista que o Acre agrega 17 povos. 

Rondônia

Em Rondônia, a saúde também entrou em colapso. Na capital Porto Velho e no interior, faltam leitos hospitalares e profissionais. Encurralado, o governo teve que enviar pacientes para outras cidades do Brasil.

Eleito com o discurso bolsonarista, o governador Marcos Rocha (ex-PSL) contraiu o vírus, no início do ano, e se internou em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital particular de Porto Velho (RO). Segundo o Ministério Público, o governo rondoniense incluiu leitos clínicos e de UTI inativos em relatórios diários de ocupação de hospitais com pacientes com covid-19 durante os meses de dezembro e janeiro. O objetivo teria sido evitar que, por falta de leitos, que o estado fosse obrigado a decretar medidas de isolamento social mais rígidas.

Cemitério em Porto Velho durante pandemia da Covid-19 em Rondônia (Foto: Armando Júnior/Rede Amazônica)

Roraima

Ainda no Norte do país, em Roraima, a crise sanitária gerada pelo vírus se agrava. Na última segunda-feira, 1, o Hospital Geral do Estado (HGR) atingiu 100% de ocupação em leitos semi intensivos, de acordo com o boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde (Sesau).

Os leitos de UTI seguem com 94% de ocupação e os leitos clínicos 87%. Devido a falta de oxigênio, o governo solicitou a ajuda da Venezuela e Guiana para repor o estoque nas unidades hospitalares, que já registraram mortes por asfixia.

Realidade ainda mais dura para os povos indígenas, que estão à mercê da própria sorte e foram abandonados pelo governo federal, a exemplo do povo Yanomami, que recentemente enfrenta o luto pela morte de crianças que estavam com sintomas de Covid-19. A situação ainda não foi investigada pelo Ministério da Saúde.

Amapá

Além de enfrentar dias de apagão, o Amapá entrou na segunda onda da pandemia da Covid-19, em meados de janeiro de 2021, de acordo com avaliação da Superintendência de Vigilância em Saúde do Estado.

Com 1.868 mortes pelo novo coronavírus, o Amapá registrou nesta terça-feira, 2, novos 325 casos da doença. Além de enfrentar a pandemia, problemas na rede elétrica, as fortes chuvas preocupam as autoridades, que se preparam para uma possível enchente dos rios.

Pará

O Pará também sofre com a falta de oxigênio (Foto: Bruno Kelly)

Fronteira com o Amazonas, o Pará também sofre com a falta de oxigênio nas unidades hospitalares. Inúmeras mortes por asfixia foram registradas neste ano de 2021, com a nova crescente dos casos de Covid-19.

Com a taxa de ocupação de leitos de UTI por região do estado preocupante –  Araguaia com 90%, Baixo Amazonas com 97%, Carajás com 84%, Nordeste com 82%, RM de Belém com 60%, Tapajós com 81% e Xingu com 100% –, o governo do Estado decretou lockdown, na região do Baixo Amazonas, no último fim de semana, para tentar frear o índice de contaminação. 

O Pará é o segundo estado da Região Norte com mais mortes pelo novo coronavírus, chegando a 7.683 óbitos, até esta terça-feira, 2.

Tocantins e Mato Grosso

Após uma alta dos casos, no início do ano, Tocantins apresentou uma redução nas confirmações de pacientes infectados com Covid-19, de acordo com o Boletim Epidemiológicos (COVID-19).

Segundo informações repassadas pelo governo ao Ministério Público, o estado possui estoque de oxigênio suficiente para tratamento dos pacientes internados nas unidades hospitalares.

Já no Mato Grosso a situação é preocupante, a taxa de ocupação de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) para pacientes com a Covid-19 é a maior desde agosto do ano passado. O que pode acarretar numa crise do sistema de saúde.

A previsão da Secretaria de Saúde alerta que com a aceleração do contágio e internações, o Estado não terá como expandir em tempo hábil o número de leitos para casos graves. Ao todo, o Mato Grosso contabiliza 5.122 óbitos por covid.

Maranhão

O Maranhão também enfrenta uma segunda onda da pandemia, com o aumento dos casos confirmados do novo coronavírus neste início de ano. O número de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para pacientes com Covid, já ultrapassa os 80%, segundo o último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES).

No estado também foi identificada a elevação na taxa de contágio do vírus no Maranhão, que chegou em 1,45, quando o cenário ideal é abaixo de 1, conforme determina a Secretaria de Saúde. Entretanto, o governo descarta a possibilidade de um novo lockdown.

“Constatamos crescimento de casos. Definimos medidas relativas à ampliação de leitos e outras providências. Mas, sublinho, não cogitamos de novo Lockdown, neste momento”, afirmou o governador Flávio Dino.