Casa NINJA Amazônia traz relatos de vivências e ameaças por guardiões da floresta

Foto: Midia NINJA

A frase desta manchete foi dita por Cosme Capistrano, agente da Comissão Pastoral da Terra (CPT), durante o evento Guardiões da Amazônia, promovido pela Casa NINJA Amazônia no último dia 24 de fevereiro. Na ocasião, afirmou que ele e outros companheiros da CPT são constantemente ameaçados por defender o meio ambiente contra o avanço da fronteira agrícola no sul do Amazonas, região de muitos conflitos fundiários.

O encontro também trouxe Alessandra Korap, liderança indígena do povo Munduruku, e Claudelice da Silva Santos, defensora de direitos humanos do estado do Pará. Em uma sala virtual restrita a participantes inscritos na Casa NINJA Amazônia, o encontro pôde proporcionar uma experiência de escuta, empatia e conhecimento sobre a defesa da Amazônia diretamente por quem a vive e sofre por ela. Uma realidade que pudesse nos provocar a sair do lugar e reforçar nosso pacto social e ecológico com os povos da Amazônia.

Claudelice teve seu irmão José Claudio Ribeiro dos Santos e sua cunhada, Maria do Espírito Santo, assassinados em 2011 em luta pelo direito de acesso à terra. Assim como eles, Claudelice denuncia violações de direitos humanos resultantes de grilagens, exploração ilegal de madeira e crimes contra o meio ambiente. Foi submetida a uma série de ameaças e hoje estuda para ser advogada. “A gente não está defendendo só a floresta em si. É a vida de todo mundo que está ali”, disse Claudelice durante o encontro.

Foto: Midia NINJA

Alessandra Korap trouxe ainda um alerta vivido durante o ano de 2020, com o alastramento do coronavírus nas aldeias indígenas, ameaçando até mesmo os povos isolados. “A gente fala pros parentes ficarem um mês dentro do território, dentro das suas aldeias, mas tem invasores, tem madeireiros, tem garimpeiros”, diz Alessandra. “A gente tem que sair, vir a Brasília, pra defender nossos direitos”. Hoje ela coordena a Associação Indígena Pariri, dos Munduruku do Médio Tapajós, e a Federação dos Povos Indígenas do Pará (FEPIPA). Seu trânsito à capital federal é um hábito constante na jornada de defesa da floresta e dos povos indígenas.

Os relatos dos convidados serviram para sensibilizar os demais participantes a fazerem a defesa ambiental a partir da defesa pela vida de quem luta pelo meio ambiente. A Mídia NINJA continua com cadastro aberto a todos os interessados em fazer parte da rede NINJA de Ativismo Ambiental.