.

Ativistas ambientais de oito países participaram do Encontro Latino Amazônia Resiste, realizado em ambiente virtual, nesta tarde de sexta-feira (9).

A reunião online é parte da programação do Emergências Amazônia e mais uma iniciativa rumo à formação de uma comunidade de enfrentamento à crise climática e principalmente, para gerar mais ações em defesa da Amazônia, articuladas em rede.

A coordenadora executiva da Casa Ninja Amazônia, Marielle Ramires, destacou que a união de forças visa o futuro coletivo.

“Onde tem índio tem árvore, onde tem sem-terra lutando pelo pedaço de chão, tem luta social, então este é um projeto de conexões de pessoas, sobretudo, de luta pela vida, de um projeto de sociedade que a gente acredita, de oferecer resistência, mas apresentar soluções”.

Os participantes discutiram o cenário da crise ambiental que assola a Amazônia – que corresponde à realidade da região em que estão inseridos – e o que têm feito para combate-la.

Representando o 342 Amazônia, parceiro do Emergências, Mari Stockler disse que a crise começou a se intensificar no governo Temer mas atingiu um nível crítico com Bolsonaro.

“Com ele todo dia temos emergências. Nossos agentes de cultura passaram a se mobilizar, atuar em várias frentes: em grupos, redes, Congresso, Senado, junto a organizações internacionais de proteção ao meio ambiente e direitos humanos. Estamos atentos aos projetos e às leis para defender populações locais, biomas e povos originários”, exemplificou.

Célia Xakriabá também marcou presença, representando outra organização parceira do Emergências, a APIB.

Participaram ainda, Ana Felicen (Plan Pueblo a Pueblo/Venezuela); Andrea Ixchíu – Hackeo Cultural (Cura da Terra/Guatemala); Angélica Mendes (Comitê Chico Mendes); Devanir Oliveira de Araujo (Via Campesina/MST); Kiara Soto (Econcientízate/Peru); Knorke Leaf (ativista urbana transdisciplinar e ativista ambiental/Bolívia); Leo Cerda Kichwa (The Hakhu Project/Equador); Leonor Canadas (Coletivo Climáximo/Portugal); Maritsa Puma (Unión de los Trabajadores de la Tierra e CoTePo/Argentina); Montserrat Tolaba (Jovenes por el Clima/Argentina) e Ruth Alipaz Cuqui (Comunidade de Indígenas dos Rios Beni, Tuichi e Quiquibey/Bolívia).

Como mediadora do evento, Carol Tokuyo (Mídia Ninja e Ella), ressaltou que é um ponto chave o momento de aprender com as experiências. “É uma aliança internacional para combater o mal. E vendo esse grupo, a gente tem dimensão de como a mulher tem um papel muito importante nisso, bem como quilombolas, ribeirinhos e indígenas”.

Ela destacou também a iniciativa de jovens lideranças. “Dentro dessa pauta, conseguimos hoje um recorte muito diverso de iniciativas e podemos constatar como é potente essa conexão, quando a gente se junta, pensa soluções, projetos para salvar o planeta, afinal, é disso que a gente está falando”, arrematou.

Ao final do encontro, Marielle Ramires avaliou que ele proporcionou uma compreensão da agenda climática, muito focada em na necessidade da justiça, em contraponto às desigualdades sociais.

“Ainda é a linha de corte da agenda, um desafio do século. Os impactos da crise climática, certamente que serão sentidos efetivamente, pelos países mais pobres, pois a fome, é um efeito. Refugiados climáticos, também. Então, essa luta é pela justiça. Precisamos que os estados, governos, se comprometam com uma agenda pautada por alternativas de desenvolvimento e que promovam valores como a solidariedade. Para nós, isso é fundamental enquanto espécie”.

Por fim, declara que mesmo em meio ao um cenário desafiador, os ativistas têm que ser otimistas. “A potência das sociedades é muito maior, em termos de capacidade, em relação ao que temos que enfrentar”.

Primeira Reunião

Em continuidade à programação do Emergências, neste sábado (10), representantes de todos os Estados da Amazônia que se prontificaram a integrar uma rede de midiativismo, se reuniram para articular as primeiras ações focadas no fortalecimento das bases.

O grupo se reunirá duas vezes por mês para pensar atividades a serem desenvolvidas em cada um dos nove estados, com apoio de articuladores de outras cidades brasileiras, como São Paulo e Rio de Janeiro.