Foto Rodrigo Baleia / Greenpeace

Já está disponível na Plataforma Grape ESG o filme Amazônia 4.0 – The Reset Begins. O documentário alerta sobre a proximidade de um ponto de devastação sem retorno. Mas a produção audiovisual lançada no Dia da Terra, revela que também há espaço para otimismo, ao apresentar alternativas para o desenvolvimento sustentável da Floresta Amazônica. Mas é preciso agir rápido.

O pesquisador sênior do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), Carlos Nobre, diz que é preciso avaliar uma outra perspectiva econômica para a região. Ele afirma que a agricultura e a pecuária, principalmente esta última, foram reveladas como fontes de baixa produtividade. Perde o meio ambiente e perdem as populações: “mais de 60% da população da Amazônia é pobre. Desmatamos e não trouxemos benefícios para as populações”.

O filme idealizado com o objetivo de provocar e inspirar discussões oportunas, positivas, e com visão de futuro, envolvendo empresas, executivos e a ciência, é lançado num momento em que a Cúpula de Líderes de 40 nações foca em amenizar e frear os impactos climáticos para o planeta.

Carlos é um dos importantes nomes da ciência, academia, organismos internacionais e dos negócios, que participam como entrevistados do documentário. No início do filme, ele revisita o passado para demonstrar que o modelo atual de desenvolvimento econômico precisa ser revisto.

Ele revela que a prática de devastação das florestas tropicais tem origem na colonização europeia. “Desde que chegaram na América do Sul, há 520 anos, jamais viram o valor das florestas. Vieram de um continente de baixa diversidade. Isso fez com que eles trouxessem um modelo de utilização da terra que não via valor nas florestas”.

E assim, o modelo se replicou por ano, sem que os governantes brasileiros vissem a natureza tropical como um fator econômico de desenvolvimento.

“Desmatamos 80% da Mata Atlântica, 50% do Cerrado e a Amazônia, 20%. A visão do governo militar do final dos anos 60 e início dos anos 70 apresentava a floresta como obstáculo de desenvolvimento. Queima-se a floresta para gerar a fertilização dos pastos para o gado. E como sabemos, as emissões de gases do efeito estufa são muito altas”. Segundo ele 50% vem do desmatamento da Amazônia.

“Precisamos encontrar um outro paradigma para manutenção dos nossos biomas e principalmente, para salvar a Amazônia, pois o clima está mudando. A estação seca já está muito mais longa no Sul da Amazônia, a floresta já não recicla tanta água e não absorve mais tanto carbono da atmosfera. Estamos arriscando a torna-la uma savana”.

Ele alerta que é preciso pensar rápido sobre a restauração de uma enorme área já desmatada e muito abandonada. “23% de toda área foi abandonada pela agricultura e pecuária, então, precisamos inovar, enxergar a riqueza da floresta em outra perspectiva, o grande potencial que o país tem como a maior biodiversidade do planeta”.

A propósito, o filme foi inspirado por um artigo do estudioso, publicado no The New York Times em outubro de 2020, onde ele trata dos princípios da bioeconomia, reforçando que a região Amazônica pode acomodar tantos os seres humanos quanto a biodiversidade.

Confira o doc na íntegra: