Aproximadamente 100 pessoas invadiram a sede e exigiram que funcionários interrompessem o trabalho (Ascom STTR)

 

Os funcionários do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santarém, no Pará, se recuperam do ataque à sua sede nesta manhã de segunda-feira (3), executado por líderes comunitários que apoiam madeireiros.

O ataque foi uma reação a uma nova decisão do TRF-1 que acatando ação coletiva movida pelo sindicato, Conselho Indígena Tapajós Arapiuns (Cita) e a organização Terra de Direitos, suspendeu a extração de madeira da reserva. Os invasores do prédio do STTR pedem a retirada imediata da ação. É que anteriormente, a Justiça Federal havia autorizado a retomada dos processos de Plano de Manejo. O revés enfureceu líderes comunitários que apoiam os madeireiros.

Ao Tapajós de Fato, a secretária de políticas sociais do STTR, Gracivane Moura disse que aproximadamente 100 pessoas invadiram a sede.

“É preciso ressaltar que não somos contra os projetos dentro da resex que vão trazer fortalecimento e manutenção dos povos da floresta nos seus territórios. Nossa luta sempre será para manter nossa população dentro da reserva, vivendo de forma sustentável”.

Segundo ela, 76 comunidades vivem na reserva, sendo que 48 são aldeias, totalizando 22 mil pessoas. Ela denuncia que madeira está saindo do local e estradas têm sido abertas sem qualquer consulta aos povos tradicionais. “Então, o benefício é de poucos”,

Ela conta que os manifestantes pró-madeireiros adentraram as dependências do STTR, subindo escadas e impedindo que funcionários continuassem a trabalhar. “Eles batiam nas janelas e portas, estavam bastante exaltados. Por isso, tivemos que acionar a Polícia Federal e Militar”.

A polícia foi chamada para conter os ânimos (Ascom STTR)

O presidente do STTR, Manoel Edivaldo conta que foi necessário muito diálogo até que eles se acalmassem e aceitassem conversar. Lideranças das duas frentes – invasores e sindicato – fizeram uma reunião acompanhados pela polícia. “Eles estão influenciados por madeireiros. Infelizmente esse é o reflexo da falta de políticas públicas por parte do governo federal”.

Nesta terça-feira (9), haverá nova reunião com os representantes das cooperativas que atuam na extração e madeira.

Da direção do Conselho Indígena Tapajós-Arapiuns, Auricélia Arapiuns repudiou o ataque.

“A gente sabia que estavam descontentes, estávamos sendo ameaçados, mas não imaginávamos que íamos ver isso, povo contra povo. A gente acompanha a situação dos munduruku. Agora chegou à nossa região, como efeito-dominó. A ação não é contra o povo ou contra as cooperativas. A ação é contra o ICMBio, contra o plano de manejo madeireiro. Em nenhum momento quisemos atingir as atividades extrativistas, mas a atividade de extração de madeira, que causa muito impacto ao meio ambiente”, disse.

Nesta terça-feira (3) ocorre reunião entre lideranças das duas frentes (Ascom STTR)