Termômetros em Londres registram mais que 30° C e britânicos buscam meios de aplacar o calor Foto: PVProductions/FreePik

 

No Reino Unido, a redução de severos impactos no clima só acontecerá se o aquecimento global for mantido em níveis mais baixos o possível. A afirmação é de cientistas britânicos que examinaram como o clima de alto impacto – com dias extremamente quentes, chuvas intensas e frio – pode ser afetado em diferentes níveis de aquecimento global.

Eles descobriram, por exemplo, que quanto maior o nível de aquecimento global, maiores as chances de clima quente, seca e inundações.

A onda de calor que atualmente eleva a temperatura no Reino Unido preocupa especialistas que os dias de temperatura extrema já estão se tornando mais frequentes, quentes e prolongados. Na semana passada Londres, por exemplo, registrou o dia mais quente do ano: termômetros atingiram 31º C. Para os europeus, 27º C, que é uma temperatura agradável no Brasil, é motivo de transtorno. Por isso, os britânicos têm lotado as praias do país para amenizar o calor.

A autora principal do estudo que traça perspectivas sobre o futuro do clima no país, Helen Hanlon enfatiza que quanto o planeta é aquecido por meio das mudanças climáticas induzidas pelo homem, mais severas elas serão. “O mau tempo pode nos afetar de várias maneiras, desde nossa saúde até inundações, disponibilidade de alimentos e questões de transporte”.

Mas além de causar impactos futuros, a mudança climática induzida pelo homem já influencia as condições meteorológicas extremas no Reino Unido. A pesquisa mostrou que as mudanças climáticas tornaram as temperaturas recordes do verão no Reino Unido em 2018 cerca de 30 vezes mais prováveis  do que seriam naturalmente.

Além disso,  um estudo separado concluiu que chuvas intensas extremas, como a precipitação recorde observada em 3 de outubro de 2020, em um ambiente natural, sem influência das mudanças climáticas induzidas pelo homem, seriam um evento de 1 em 300 anos, agora é Evento de 1 em 100 anos no clima atual.

Um dos estudiosos, Jason Lowe, disse que o estudo mostra como será o futuro clima e tempo diante da aceleração das mudanças climáticas e alerta sob a necessidade de mudar essa história.

“É crucial que esteja ao lado de outros estudos, como os que examinam os riscos de incêndios florestais e inundações, ajudando a criar uma visão de futuro o mais completa possível. Quanto mais conhecimento tivermos sobre nosso mundo futuro, mais oportunidades haverá para planejá-lo”, enfatizou.

Confira quais as projeções climáticas para o Reino Unido com base em simulações do ‘Modelo de Clima Regional’ de 12 km de alta resolução UKCP18:

  • Aumento de dias quentes

Os autores descobriram que o Reino Unido pode esperar um aumento de dias quentes, com mais de 25° C, com pelo menos cinco dias quentes adicionais por ano a 1,5 ° C nível de aquecimento global e até 39 dias quentes adicionais por ano a um nível de aquecimento global de 4,0 ° C. Ou seja, no futuro, os verões serão mais quentes.

  • Dias chuvosos

Um aumento de dias de chuva de alto impacto também é projetado, com pelo menos 1 dia adicional por ano a um nível de aquecimento de 1,5 ° C e até 8 dias adicionais por ano a um nível de aquecimento global de 4,0 ° C. Isso deverá causar inundações de rios com mais frequência.

  • Seca

Além de chuvas fortes, o Reino Unido pode esperar um aumento na frequência e severidade das secas de longo prazo, com secas pelo menos tão severas como as vistas em 2010 aumentando em 146%, a um nível de aquecimento global de 4,0 ° C. 2010 está entre os 10% dos anos mais secos no Reino Unido desde 1862. Pode-se esperar que uma adaptação das práticas de gestão da água seja necessária para lidar com o aumento da severidade da seca.

  • Frio

A probabilidade de condições frias também é afetada, com pelo menos 10 dias a menos por ano em que as temperaturas caem abaixo de 0,0 ° C a um nível de aquecimento de 1,5 ° C e até 49 dias a menos por ano a um nível de aquecimento de 4,0 ° C. Isso significaria menos interrupções no clima frio devido à chance menor do que o normal, de gelo e neve.

Inundações na Alemanha

Assim como os cientistas que desenvolveram o estudo sobre o Reino unido, o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier disse que é necessário forte comprometimento no enfrentamento às mudanças climáticas, para ele, única alternativa para frear fenômenos meteorológicos extremos.

Neste mês, as fortes chuvas que assolaram o país causaram a devastação de cidades e vilas. Mas o pior, foram as mortes de mais de 180 pessoas, tragédia a qual ele credita às mudanças climáticas.

Ainda que ele não tenha poder político, pois o governo é comandado pela chanceler Angela Merkel, seu pronunciamento tem peso. De qualquer forma, a própria chanceler reconhece a necessidade de ações para conter o aquecimento global.

“Pequenos rios se transformaram em torrentes inundadas e devastadoras”, disse ela. A chanceler tem sido criticada por não ter alertado sobre temporais que já haviam sido previstos.

As chuvas têm afetado também a Bélgica, Holanda, França, Suíça e Luxemburgo, embora em menor intensidade.

Fonte pesquisa Reino Unido: EcoDebate/por Henrique Cortez