Ferrovia  cortará unidades de conservação e terras indígenas (Alberto Ruy/Ministérios dos Transportes/Ilustrativa)

 

Um levantamento feito por 40 entidades da sociedade civil e enviado a potenciais financiadores da Ferrogrão aponta que ao tentar tirar o projeto do papel, o governo federal ignora impactos ambientais e a inviabilidade econômica do projeto de implantação da ferrovia que ligará Sinop, em Mato Grosso ao porto de Mirituba, no Pará. Outros críticos do processo destacam que seu objetivo é acelerar a exportação da safra de grãos, relacionando esse benefício aos gigantes da soja.

(ANTT)

Seguindo o trajeto da BR-163, a ferrovia cortará unidades de conservação e terras indígenas, podendo resultar no desmatamento de uma área de 2 mil km² de floresta nativa, o equivalente ao tamanho do estado de São Paulo.

A Ferrogrão, já apelidada Ferrogrilo, deve estimular o avanço da fronteira agrícola sobre região amazônica com mecanismos de fiscalização ambientais muito frágeis.

O think-tank Climate Policy Initiative garante que a Ferrogrão “aumentará a demanda por terras e induzirá o desmatamento, pois haverá mais fazendas para atender a demanda crescente e novas estradas para abastecer as paradas de carregamento”. Mas desse projeto, o governo de Bolsonaro não abre mão.

Outro ponto questionável é o quanto ela custará. Segundo o estudo, o valor total da ferrovia poderá ser 3,5 vezes maior que o orçado pelo Ministério da Infraestrutura. Os custos de um projeto como este, que cruza áreas de difícil acesso e sem infraestrutura prévia, costumam ser muito mais altos do que o planejado.

E o governo segue insistente no projeto que prejudica o meio ambiente, que custa muito caro e com risco jurídico, já que desconsidera as populações tradicionais e indígenas. Em nenhum momento comunidades foram consultadas. Ao todo 16 TIs serão impactadas caso ela saia do papel.

A Ferrogrão já é alvo de uma Representação do Ministério Público Federal (MPF) e de associações indígenas ao Tribunal de Contas da União (TCU) aberta em outubro do ano passado.

O governo alega que o empreendimento “aliviará as condições de tráfego na BR-163, com o objetivo de diminuir o fluxo de caminhões pesados e os custos com a conservação e a manutenção”. Pelo visto, até mesmo os caminhoneiros perderão postos de trabalho.