Invasores estão de olho no território do Amapá, o Estado com maior área preservada do país  (Michael Dantas/WWF Brasil)

 

Com um território de 142 815 km², o Amapá é o estado com área florestal mais preservada de todo o país. No território, há 17 Unidades de Conservação (UCs) que visam preservar espécies nativas e ao mesmo tempo, gerar renda a comunidades. Elas são tanto de proteção integral, quanto voltadas ao uso sustentável.

Mas um levantamento inédito, com dados de monitoramento de satélite, revela que há sempre um ponto em que as coisas podem desandar. E quando soa o alerta, é hora de fortalecer políticas ambientais e instrumentos de fiscalização e punições.

Entre agosto de 2019 a julho de 2020, foi degradada uma área equivalente a 100 campos de futebol, cerca de 96 hectares ou 13% de toda área de exploração de madeira, caracterizada pela retirada de determinadas árvores da floresta, que foi feita sem autorização. A exploração recorrente de uma mesma área ou com intensidade superior às recomendadas pelo manejo florestal sustentável podem levar à degradação.

“O empobrecimento da floresta ocorre com a redução da biomassa florestal, da biodiversidade e dos estoques de madeira comerciais. Já o desmatamento é quando ocorre o chamado “corte raso”, a remoção completa da vegetação, que pode ser feita com objetivo de converter a área em pastagem, lavoura ou garimpo, por exemplo”, destacam pesquisadores no estudo.

O Instituto compõe a Rede Simex, integrada por outros três órgãos de pesquisa ambiental: Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) e Instituto Centro de Vida (ICV).

A retirada ilegal de árvores foi acentuadamente detectada nos municípios de Porto Grande e Pedra Branca do Amapari. Dois dos 16 municípios. Se a prática ilegal não for contida agora, imagine como serão os anos vindouros? Dos 730 km de área de exploração florestal no estado, 87% foram utilizados de maneira legalizada. O estudo deve auxiliar órgãos de fiscalização e a Secretaria do Meio Ambiente do estado e municípios nas melhorias de mecanismos de fiscalização. “O Amapá precisa trabalhar para que a ilegalidade seja totalmente combatida”, destacam os pesquisadores.

Devido à grande incidência de nuvens no Amapá, que podem ocultar do monitoramento dos satélites, outras áreas invadidas podem ter sido ocultadas. Assim, o prejuízo seria ainda maior para o Estado com território de pequenas proporções.