Balsa garimpeira a poucos metros da TI Munduruku. O registro é de setembro de 2021 (Anderson Coelho)

 

Enquanto sonham com a aprovação do PL 191/2020, entusiasticamente defendido por Bolsonaro e que visa autorizar o garimpo em terras indígenas, grandes mineradoras “esquentam” toneladas de ouro que saem dos territórios.

Em entrevista à reportagem do Infoamazonia a liderança indígena Alessandra Munduruku alerta que a prática garante que o ouro entre mais facilmente nos países desenvolvidos e assim, afirma que a comunidade internacional e o mercado financeiro colaboram com a ilegalidade ao passo que investem no minério extraído ilegalmente.

Apesar de recentes operações policiais, os garimpeiros desafiam a Justiça, os territórios e as leis do mercado. A destruição de maquinários não os desanima, já que é alto poder de troca do ouro que elege políticos e alicia indígenas.

O povo Munduruku por exemplo, é vítima da violência de invasores e sofre também com rupturas internas, talvez inconciliáveis, como aponta a reportagem. Como pano de fundo, a “omissão do estado” e o deslumbramento com os bens de consumo proporcionados pelo ouro, como apontam procuradores do MPF do Pará. Eles pediram a suspensão das atividades da FD´Gold, Carol e OM e cobram destas, R$ 10,6 bilhões por danos sociais e ambientais.

“As três financeiras estão ligadas à Associação Nacional do Ouro (Anoro), que atua forte no lobby pela liberação do garimpo em terras indígenas. O presidente da Anoro, Dirceu Frederico Sobrinho é figura conhecida nos corredores de Brasília, se reuniu com o vice-presidente Hamilton Mourão, em janeiro deste ano, com o ex-ministro Ricardo Salles e outros membros da cúpula do governo”, diz trecho da reportagem.

O MPF estima que 17,7 toneladas de ouro ilegal extraídos no Pará foram despejados no mercado financeiro entre 2019 e 2020. Um terço desse minério saiu dos garimpos de Itaituba, Jacareacanga e Novo Progresso, onde estão as terras indígenas dos povos Munduruku e Kayapó. Com o mercado aquecido —o ouro valorizou 56% em 2020—, empresários e políticos pró-garimpo fazem lobby para manter essa engenharia funcionando, o que inclui uma guerra velada contra os povos tradicionais.

Confira reportagem completa de Fábio Bispo e Anderson Coelho em infoamazonia.org