Foto: Odair Leal/Amazônia Real

Resultado da ação humana sob a justificativa do progresso, a crise climática tem despertado um alarme mundial. Queima de combustíveis fósseis, atividades industriais, agropecuária e desmatamento estão comprometendo a saúde do planeta.

Para além da degradação ambiental, ativistas pelo clima passaram a voltar suas atenções também, aos que mais sofriam com seus efeitos: países pobres, comunidades tradicionais e grupos marginalizados.

É aí que surge o conceito de Justiça Climática: um movimento político que conecta clima e direitos humanos.

Quando nasce o conceito?

Na década de 1980, surgiu uma nova frente de ativismo ambiental focado em agir na defesa de pessoas que tinham suas vidas impactadas pela destruição do meio ambiente. Foi nos Estados Unidos, quando moradores de bairros pobres e zonas rurais insurgiram em protestos e processos judiciais contra o lixo tóxico e a poluição que o movimento despontou. O problema ignorado por ambientalistas, ganhou realce a partir da ação coletiva de comunidades impactadas pelo problema.

Inclusão

A ausência de regulamentação ou pouca efetividade das regras de proteção ao meio ambiente podem prejudicar o clima, mas a defesa cega do desenvolvimento econômico é ainda pior. Em nome dela, comunidades e grupos ficam ainda mais vulneráveis. A busca pela justiça climática aponta um desafio a ser superado: incluir comunidades tradicionais e grupos marginalizados no debate global a fim de combater as desigualdades sociais.

Racismo ambiental

A busca pela Justiça Climática evidencia o racismo ambiental. Já viu como as decisões políticas são protagonizadas em boa parte, por autoridades, homens, pessoas brancas e cúpulas de líderes de países ricos? O racismo e o classismo notórios nas discussões globais precisam ser combatidos para que de fato, as comunidades e grupos invisibilizados possam ter sua voz e ajudar na tomada de decisões que impactam seus próprios futuros. Estudiosos do assunto defendem que mudanças climáticas precisam ser debatidas sob as lentes das questões de gênero, raça e territórios.

Recorte social

Dentre as populações mais excluídas do debate estão as periféricas, homens e mulheres negras, quilombolas… Historicamente são as pessoas que mais sofrem com a falta de saneamento, desastres ambientais, contaminação de seus territórios. São as populações mais desproporcionalmente atingidas. Não tem como falar sobre efeitos das mudanças climáticas sem falar de desigualdades sociais e raciais.

Um exemplo? Pesquisadores apontam que famílias dedicadas ao extrativismo podem ser fortemente impactadas pelas mudanças climáticas na Amazônia. Até 2050, algumas espécies podem desaparecer, como de açaí e castanha. Se isso acontecer, não restará outra saída se não, o êxodo rural. E quem olhará por essas pessoas? A Justiça Climática defende o direito que essas família têm de serem incluídas na formulação de políticas ambientais para o bioma e reservas extrativistas.

O poder da coletividade

O movimento por justiça ambiental e climática é feito essencialmente pelas bases: seu combustível é a coletividade. No Brasil, os indígenas têm se tornado uma de suas maiores expressões, como guardiões e defensores das florestas e da biodiversidade brasileira.